A pandemia tirou muitas máscaras

Todos nós criamos imagens pré-definidas das pessoas com quem convivemos. Seja em casa, na família, entre amigos ou no trabalho. Estamos sempre projetando comportamentos que acreditamos ou gostaríamos que a outra pessoa tivesse. Esse é um caminho perigoso, afinal, ninguém é responsável por corresponder às nossas expectativas. Com a pandemia, isso tudo se exacerbou. Estamos convivendo mais com as pessoas e por isso conhecendo mais quem elas realmente são.

Sempre que falamos no termo “cair as máscaras” associamos uma conotação negativa. Máscaras caem o tempo todo e, sim, pode ser algo negativo descobrir que alguém não era exatamente quem dizia ser, ou que a pessoa tinha um comportamento ou discurso que nos feria pelas costas. Mas algumas vezes quem coloca a máscara somos nós mesmos.

Ao criar expectativas e ilusões sobre quem as pessoas são e como elas deveriam agir ou se comportar, estamos colocando uma máscara na pessoa da qual ela não é responsável por manter. A pandemia e o distanciamento social mudaram muito a maneira de nos relacionarmos. Muitos artifícios onde essas ilusões se apoiavam acabaram. Não temos mais o tempo de distanciamento daqueles com quem vivemos. Também não temos os tempos ociosos de cafezinhos e happy-hour com os amigos e colegas de trabalho. Isso obriga que as nossas relações se tornem mais objetivas, não sobrando muito espaço para as máscaras e ilusões.

Isso tudo vai nos dar a sensação de que as máscaras estão caindo. Pessoas passam a se comportar de maneiras que nunca tínhamos notado A maneira de manifestar afeto e interesse também mudam nitidamente. Nada parece estar como esteve antes.

Quando não temos tempo para projetar ilusões, também não temos tempo para carregar máscaras nós mesmos. Se as máscaras ao nosso redor começam a cair, é sinal de que as nossas também estão prontas para irem.

Não enxergue isso com um juízo de valor. Não é bom, nem ruim. Todavia, abrace esse momento como uma grande oportunidade de se conectar com as pessoas pelo que elas realmente são, e de poder mostrar aos outros seu verdadeiro eu.

Mais máscaras caindo, nos leva a buscar uma reforma interior. Como falo nos meus atendimentos para os meus clientes: “Sairemos muito melhores como seres humanos após essa pandemia.”
Eu acredito!